Olá! Você se lembra de já ter visto antes a seguinte expressão?
“O todo é mais do que a soma de suas partes.”
Pois é, esta é a noção básica da teoria dos sistemas, que está atualmente contrapondo o paradigma mecanicista para o ecológico (sistêmico). Para entender melhor, vamos falar um pouco de história (baseado no livro “Teia da Vida” de Fritjop Capra).
Nos séculos XVI e XVII, com as novas descobertas na física, astronomia e matemática, a visão de mundo medieval baseada na filosofia de Aristóteles e na teologia cristã, mudou completamente. A visão de um mundo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela noção do mundo como uma máquina.
Assim, naquela época Galileu Galilei restringiu a ciência ao estudo dos fenômenos que podiam ser medidos e quantificados. René Descartes criou o método do pensamento analítico, que consiste em quebrar fenômenos complexos em pedaços a fim de compreender o comportamento do todo a partir das propriedades de suas partes. O universo material, incluindo os organismos vivos, era uma máquina para Descartes, e poderia em princípio, ser entendido completamente analisando-o em termos de suas menores partes. Então Isaac Newton, com sua mecânica newtoniana , complementou os conceitos de Galileu e Descartes, isto é, o mundo como uma máquina perfeita governada por leis matemáticas exatas.
Tudo isto foi bastante importante para aquela época e permitiu vários avanços na ciência, mas não pode explicar tudo, afinal de contas “não somos máquinas”. Como William Blake escreveu de forma engraçada: “Possa Deus nos proteger da visão única e do sono de Newton”. E como Goethe escreveu de forma filosófica: “Cada criatura é apenas uma gradação padronizada de um grande todo harmonioso”.
Mas falando de forma um pouco mais cientifica, de acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. Essas propriedades são destruídas quando o sistema é dissecado, física ou teoricamente, em elementos isolados. Um exemplo bem interessante é o sabor do açúcar, que não está presente nos átomos de carbono, de hidrogênio e de oxigênio, que são os seus componentes.
Segue um vídeo (parte do filme “Ponto de Mutação”) que exemplifica didaticamente estes conceitos:
Interessante, não?! Na próxima postagem vamos ver como esta teoria dos sistemas pode ser utilizada para a construção de uma sociedade sustentável.
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bem didático, compartilharei..
ResponderExcluirMarcelo Ceará
Interessante o artigo acima. Encontrei-o durante minha navegação atras de definições da Teoria de Sistemas.
ResponderExcluirTive essa curiosidade a respeito da dita teoria porque acabo de ver o filme "mindwalk", inteiro.
Eu não sabia da existencia deste filme até ele me ser recomendado por um colega de trabalho, ontem.
Parece que na cabeça de alguns de nos, o paradigma do conceito de "sistema" está substituindo o de "máquina".
Isso é normal, porque a experiencia com máquinas desde os tempos de Descartes permitiu que descobríssemos que o universo que nos cerca não é redutivel a uma máquina, por mais sofisticada que esta seja.
Mas não devemos ficar eufóricos cedo demais, porque a tarefa intelectual de construir modelos para entender a realidade, baseados em sistemas abertos, é para poucos. Por exemplo, a maioria dos engenheiros está fora disso por causa de sua formação intelectual nas escolas de engenharia, e não foi por acaso que no filme mindwalk, quem explica as coisas é uma física.
Além disso, há o problema politico de que visões sistemicas com sistemas abertos não interessam às organizações e sociedades cujo poder e bens materiais são conseguidos graças à forma mecanicista como lidam como o mundo.
O filme mindwalk data de 1990. Olhando a politica americana hoje, nas vésperas da eleição que
vai decidir entre Obama e Romney, a gente percebe que nada mudou desde 1990 nas esferas do
poder.
Artigo muito bom, parabéns pela iniciativa!
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